sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

Sobrevivencia Desesperada- Capitulo 8

Nara On

  Estava aterrorizada aquilo foi horrível. Tudo bem, não gostava muito do Lester, ele sempre foi meio estranho, mas... o sangue... o corpo mutilado dele... foi demais para mim, e só não comecei a chorar por conta da adrenalina que corria no meu corpo quase tão rápido quanto nós. Resolvemos correr pela mata, mas perto do litoral, apenas contornando a ilha, já que sapos nadam muito melhor que andam, então se fossemos pela a água seria pior
  Corremos até não conseguirmos mais ver ou ouvir os sapos, e a aquela altura, já estávamos do outro lado da ilha e meus pulmões pareciam estar em chamas, mas pior é que o som dos gritos do Lester ainda ecoavam na minha cabeça. Paramos um pouco para tomas folego e ter certeza que despistamos eles, mas ao que parecia eles tinham ido para outro lugar ir atrás de outra vitima.
  - Acho que... que já nos...nos afastamos dele- Matew falava ofegante. Ele deveria ser o mais cansado já que não teve só que correr como que carregar a Emy, que não conseguia nem se manter de pé, quanto mais correr.
  - Isso é bom- Viller falou e olhou para o mar- Acho que... Acho que seria melhor se... se fossemos para a outra ilha
  Ninguém se sentia muito disposto, mas também ninguém reclamou, então resolvemos descansar um pouco, uns 5 minutos, e começamos  entrar na água. Apesar da água quente, era de certa forma relaxante, e eu me senti bem mais disposta, assim como muitos outros demonstravam, mas então eu notei. Coliz estava na beira da água, olhando para as ondas que chegavam a praia com certo medo, e seu rosto parecia quase tão ruim quanto o da Emy. "Qual é o problema dela?" pensei " Ela é do 4! Agua, areia e o mar deveria ser uma coisa otima para ela, não?", mas não era o que parecia.
  - Tudo bem, Coliz?- perguntei e me aproximei dela
  - Hum... Sim, tudo... é que, hum...- ela falava meio embolada e com um sorriso que mais parecia uma careta
  Ela olhou para o Viller com uma cara chorosa como se pedisse algo, era como se eles estivessem conversando mentalmente, mas eles eram do mesmo distrito, então deviam intender... eu acho...
  - Precisamos ir, Coliz- Matew falou e colocou a mão sobre seu ombro- É só água. Aquele tempo passou.
- Não... eu não.... eles...-ela falava agora parecendo mais desesperada
- Você tem que esquecer, que superar isso- Viller falou
  Okay, o Viller intender a Coliz é uma coisa, mas ele e o Matew incentivando ela como se soubessem porque ela estava assim era completante diferente. O que que eu perdi? Matew e Coliz se dando bem? E ela com medo de água? Tá, não intendi nada. Mas não gostava de ver ela daquele jeito, e tinha me entrosado muito com a Coliz, me sentia responsável por ajudar ela
  Peguei o braço dela e comecei a puxa-la devagar até a água em quanto cantava baixinho uma musica antiga e muito conhecida no meu distrito, que falava sobre um pássaro que foi preso em uma armadilha e que começou a cantar até morrer. Okay, não era uma musica muito bonitinha, mas a melodia era acalmante, bonita e era a unica que lembrava na hora. Nunca gostei de cantar e nunca achei que cantasse bem, mas minha mãe cantava quando eu estava triste ou com medo e me acalmava, então achei que tentar talvez ajudasse. E acabou dando certo, porque logo ela estava me segundo e me observando, quase como se estivesse em transe, andando com todos nós.
  Mesmo que para andar de uma ilha até a outra não fosse difícil, já que o mar chega só até meu peito (e eu não sou muito alta) e que não tinha nenhuma onda, mas o caminho era um pouco longo e a areia fazia a caminhada ficar mais difícil, mas pelo menso não precisava nadar, já que nunca aprendi. Quando estávamos quase chegando a praia da outra ilha, Viller fez um sinal para que todos parassem e começou a olhar em volta, assim como a Coliz.
  - A correnteza esta mais forte- Viller falou um pouco baixo- Está começando a formar ondas
  - Tem alguma coisa na água- Coliz falou e começou a tremer, e sua voz saiu estranha e fina
  Coliz agora que segurou meu braço e começou a correr e nadar o mais rápido que conseguia com puro panico estampado em seus olhos, me arrastando para fora da água, em quanto Viller nadava carregando a Emy e ajudava o Matew a ir mais rápido. No começo não intendi por que tanto desespero, achava ser apenas um peixe, mas acontece que quando estávamos a uns 20 metros de chegar a margem da outra ilha , alguma coisa emergiu não muito longe de nós de nós e soltou um som estranho, assemelhado a um rugido e um rosnar.
  Me virei e dei de cara com um monstro que só o corpo era do tamanho de um ônibus, e o pescoço o deixava ainda mais alto. Sua cabeça reptiliana lembrava uma cobra com chifres, e com vários dentes a mostra ele pareciam capaz de rasgar até a alma. Uma vez meu pai me mostrou um livro que contava uma historia antiga sobre um tal de "monstro do lago Ness", e pelas imagens, se ele tivesse existido com certeza seria como aquela coisa. Coliz e Viller a não pararam e nadaram ainda mais rápido nos arrastando até a praia, mas mesmo assim o monstro era mais rápido e estava começando a nos alcançar. Quando chegamos a praia corremos para a mata, e eu senti a garra do monstro passar pelas minhas costas. Olhei para traz e lá estava ele. nos encarrando com os enormes olhos laranjas furiosos, rugindo e tentando nos alcançar, mas ele não conseguia sair da água, a areia fazia seu corpo afundar na margem ada praia, suas nadadeiras com coisas que pareciam garras apenas conseguia jogar areia para todos os lados, os rugidos não estavam ajudando, estava encalhado. Logo ele começou a se agitar mais e consegui voltar para água, depois desapareceu no mar, ficando invisível lá em baixo por conta das escamas verdes e azuis meio transparentes que o cobriam.
  - Foi por pouco- Falei
  - Pois é. Caramba, aquela coisa abriu um rombo na sua roupa- Viller falou
  Olhei para a parte de traz da minha roupa e realmente o monstro tinha aberto um corte que atravessava minhas costas, fazendo um corte não muito fundo que começava no meu ombro e terminava na altura da minha cintura atravessando as costas,  areia e o sal da água faziam o corte arder.
  - Bestantes... Pássaros... Ondas... Morte... A dor... Parem...- Coliz falava baixinho com uma cara realmente assustadora, como se ela tivesse enlouquecido, as vezes soltando um leve grito e se encolhia no chão.
  Foi necessário meia hora de conversa calma, atenção e reconforto apenas faze-la se levantar e voltar a andar. Ainda conseguiamos ver olhos alaranjados brilhantes no mar quando partimos. Caminhamos para dentro da selva em silencio, ninguém estava afim de falar, e o único barulho que ouvíamos eram nossos passos, o vento quente agitando as folhas das arvores e algumas ocasionais palavras sem sentido que a Coliz falava, a mesma coisa que falou na praia, como "bestante", "Mar" e perincipalmente "Dor", o que não ajudava muito para aumentar o o animo, então fiquei do lado dela, segurando sua mão, acariciando seu rosto sempre que ela voltava a falar desorientada, a fazendo parar.
  O sol começou a se por e nós resolvemos acampar em algum lugar, já que logo não conseguiríamos ver nada e a Emy parecia ter piorado. Arrumamos nossas coisas e em quanto comíamos, a insignia da capital apareceu no céu escuro sem estrelas, seguido pelo rosto do Lester e o ino de Panem, depois o céu voltou a ficar escuro
  - Quantas pessoas ainda estão vivas?- Viller perguntou de repente depois de um tempo
  - Seis- Coliz falou pela primeira vez depois que seu estado de panico passou- os quatro carreristas, a garota do 6 e um cara do 9. Onze se contar com agente.
  - Então sobrevivemos até a metade dos jogos. uhuuul- Viller falou com sarcasmo
  - Bem, fiquei mais do que eu esperava- falei não muito alto
 Não falamos muito depois disso, porque ninguém sabia o que falar e nem queria, já que a Coliz não parecia disposta a falar do monstro e a morte do Lester foi simplesmente horrível. Nos preparamos para dormir, deixando Viller e Matew de guarda, já que fizeram questão e diziam-se sem sono, eu me aconcheguei no meu saco de dormir, tentando esquecer os gritos que ainda ecoavam nos meus ouvidos, e depois de muito esforço, acabei dormindo
  Não dormi muito, isso eu tenho certeza. Acordei meio tonta por conta do sono e assustada por conta da faca que quase tinha acertado minha cabeça.

Nara Off


Matew On


  Como se o dia já não tivesse sido horrível, com a visão daquele garoto sendo mutilado, o ataque do monstro e a decadência da Coliz, parecia que os idealizadores dos jogos não estavam satisfeitos.
Me sentei não muito longe de onde os outros estavam deitados, ao lado do Viller e ficamos lá em silencio. A selva ainda estava  cheia de barulhos estranhos, mas dessa vez pareciam mais tranquilos, mais baixos, e um pouco menos que na maioria das vezes. Ficamos um bom tempo lá sem fazer apenas olhando a escuridão quando ouvi alguma coisa dentro da selva, um som que não era como os chiados que geralmente ouvia, eram passos. Me levantei e junto com Viller, começamos a prestar mais atenção. Realmente pareciam passos, não muito longe, que mesmo não sendo tão altos, não era tão difícil de notar. Começamos a procurar pelos donos dos passos sem nos distanciar muito do acampamento, com minha lança e dois daqueles bumerangues com lamina, e Viller com seu tridente.   Depois de um tempo procurando o som dos passos sumiu, o que me fez ficar mais desconfiado e aleta. Não acho que uma coisas dessas possa sumir do nada. Olhei para Viller para perguntar se ele achava melhor voltar para o acampamento, já que assim poderíamos proteger o pessoal melhor, quando vi que acima dele, um arbusto em cima de uma enorme rocha atras dele começou a se mexer
  -Cuidado!- gritei e o empurrei para longe
  Bem a tempo, porque de lá pulou um garoto não muito pequeno e magrelo com cabelo cor de palha com uma lança que quase atingiu ele. Fiquei tão concentrado no garoto que não me dei conta de que uma garota se aproximou atras de mim com uma outra espada. Por sorte, a garota acertou minha cabeça com o lado plano da espada, apenas causando uma enorme dor e o que mais tarde se tornaria um galo enorme. Em quanto Viller dava um jeito no garoto magrela, eu lutava com a garota que tentou me atingir, o que não era de todo mal, já que a espada parecia pesada demais para ela e ela não se mostrava boa para usa-la, mas em descompensação ela era boa em se esquivar, e logo estávamos lutando perto do nosso acampamento. Continuei atacando e de vez em quando desviando dos ataquei ruins dela, mas acontece que um ataque ela me pegou de surpresa,porque eu consegui desarmar ela segurando seu braço e jogando a espada longe, mas ela tirou uma faca do sinto e me atacou, cortando minha perna e logo depois me derrubando e me imobilizando no chão com  a cabeça doendo quasse tanto quando minha perna.

 Ela estava ofegante, mas mesmo assim pronta para dar o golpe final, mas assim que assim que ela levantou a faca, uma flecha atravessou seu ombro, fazendo ela gritar de dor e soltar a faca. Aproveitei a oportunidade para sair de debaixo dela já que a garota não era muito pesada ou forte, mas só consegui isso porque estava completamente tonto, talvez por causa que eu bati a cabeça no chão quando cai bem no lugar onde a espada havia me acertado antes. Mas não foi preciso, porque logo vi que Nara que tinha acordado e lançado uma flecha nela, agora lutava com ela com a espada que eu havia tirado da outra garota. A garota continuou lutando ainda com a flecha atravessando seu ombro, seu olhar era selvagem e desesperado, mas ela perdia muito sangue rapidamente e logo acabou caindo no chão desarmada, e assim deixando Nara dar o golpe final que cravou a espada nela. Ela caiu no chão e logo o canhão sinalizou sua morte.
  - Da próxima- Ela começou a falar maio ofegante- tenta jogar a espada um pouco mais longe da minha cabeça- ela falou e eu acabei sorrindo, feliz porque ainda estava vivo.
  Mas durou pouco porque logo ouvi um grito alto. Nara me ajudou a levantar e nós dois saímos correndo ver quem era, tentando não tropeçar já que não víamos quase nada. Conforme fomos chegando mais perto do acampamento, comecei a conseguir ver alguma coisa, mas apenas silhuetas.     Ao longe alguém estava tentando escapar do que parecia uma rede, acho que por conta de uma armadilha, e um pouco mais perto duas pessoas lutavam, mas não durou muito porque um deles enfiou uma lança no outro e saiu correndo, deixando a pessoa atingida cair no chão com um grito meio abafado
  "Não pode ser" pensei correndo mais rapido "ela tem que..."
  Mas assim que cheguei ficou claro quem era quem. Viller e Coliz que acabavam de se soltar da rede, pude ver de relançe o cabelo cor de palha e o magro corpo correndo para longe,  em quanto Emy estava lá estendida no chão com a lança ainda no seu abdomem, sangue escorrendo e ela estava mais pálida do que estava antes
Senti meu coração disparar como uma arma e cai de joelhos do seu lado
  - Emy, eu.... Você...- falei meio embolado. As palavras pareciam presas na minha garganta e a unica frase inteira que consegui dizer foi:- Vai ficar tudo bem... Você vai ficar bem- mas nem eu consegui acreditar nas minhas palavras.
  Com uma mão ela segurou a minha e com a outra ela enxugou meu rosto e só então percebi que chorava
  - Não quero te deixar...- ela falou com a voz abafada e fraca, apertava com força o lugar de onde o sangue escoria com a outra mão- Me desculpa...
  - Você, não vai... eu... eu não vou deixar...- falei ainda tentando fazer as palavras saírem da minha boca
  - Matew- Ouvi alguém do meu lado me chamar e só então percebi que Coliz estava de pé do meu lado- Acho que não... não podemos fazer nada...
- NÃO, NÓS NÃO PODEMOS DEIXAR ELA MORRER! EU PROMETI...- comecei a berrar e então pronunciei baixo- prometi que te protegeria...
  Emy colocou a mão no meu rosto e eu a segurei
  - Pode.... Pode tentar não... Se meter em confusão?- ela falou ainda mais fraca e sorriu
  - Talvez...um dia- falei e beijei a mão dela
  Logo seus olhos se fecharam,  a sua mão se soltou da minha. Ela deu um ultimo suspiro que suou como um "obrigada" abafado e o tiro do canhão se espalhou pelo ar.

Matew Off

Nara On

  A verdade é que nunca presenciei tantas mortes até a arena, não como na arena, mesmo a morte dos meus familiares foi quando eu era bem nova, não lembro de muito, então ver Matew naquele estado, ver Emy indo aos poucos, foi algo que me causou uma dor profunda, não sabia como reagir, como ele reagiria, o qualquer um.
  Ele ficou lá do lado do corpo da Emy por um bom tempo, chorando alto, e eu do lado dele, tentando consola-lo e mesmo que não parecesse grande ajuda, quando tentei me levantar ele me puxou de volta e me olhou e sussurrou algo como "me ajuda". Nós quatro ficamos lá por um bom tempo, eu e Matew chorando perto da Emy, com Viller ajoelhado ao nosso lado com o mesmo rosto que via na maioria dos funerais, uma mistura de tristeza, cansaço, pena e varias outras coisas que não reconheço. Coliz era a unica de pé, que não chorava ou parecia amargurada como Viller, Ela apenas ficou lá, nos observando sem expreção e sem se mexer, e agora suas olheiras pareciam ainda maiores. Só depois de um longo tempo até Coliz colocar a mão sobre o ombro do Matew e dizer maio baixo:
  - Temos que sair daqui- ela falou e olhou para cima- Os aerodeslizadores vão leva-la para casa onde vai ficar melhor do que aqui, e não acho que ele vem se continuamos aqui
  Por mais que fosse doloroso deixa-la, ajudei Matew a se levantar e começamos a nos afastar, mas não precisamos ir muito longe porque logo um Aerodeslizador apareceu do nada, baixou sua garra e levou o corpo de Emy embora. Ficamos lá parados observando o lugar onde antes ela estava como se continuasse ali até que eu consegui dizer:
  - Vamos sair daqui
Começamos a nos afastar e logo percebi que Matew estava mancando muito, e por mais que nós falasse-mos que ele tinha que parar ou que eu podia dar apoio pra ele, ele se recusava e continuava andando com a cabeça baixa. Não andamos muito já que ainda estava escuro e não conseguiamos ver muita coisa, fora o fato de que estávamos todos morrendo de sono, então ficamos de baixo de umas raizes enormes de uma arvore e começamos a preparar as coisas para dormir
  - Okay, eu fasso a primeira ronda - Matew falou
  Mas era obvio que ele estava pessimo, mancando, e parecia prestes a vomitar
  - Não, Math, você precisa descansar! Eu não estou com sono, posso ficar com você e...
  - Nara- ouvi Coliz me chamando atraz de mim- Deixa ele sozinho um pouco
  Olhei para Matew. Era obvio que ele estava péssimo, mancando, parecia prestes a vomitar e de todos parecia o mais cansado, tanto quanto a Coliz que não dormia a uns dias, só dormiu um pouco antes do garoto magro e loiro  e a garota  que eu matei nos atacarem. Mas acima de tudo, e só agora via isso, ele parecia a ponto de ter um colapso de neurismo e de cair no chorro. Acabei concordando e deixar ele de guarda e fomos dormir o pouco da noite que sobrou. Me deitei no saco de dormir, mas depois de um tempo me revirando de um lado para o outro e acordando assustada dos poucos minutos de cochilo que consegui por causa que eu via a expressão da garota que eu matei toda hora me causando grande remorso e tristeza. E se ela tivesse uma irmã e pais que esperassem que ela voltasse para casa? Ela não era exatamente bonita, mas e se ela tivesse um namorado que esperava ela voltar? Aposto que todos eles querem que eu morra agora e esse pensamento me fez desisti de dormir, não consegui para de lembrar do corpo dela jogado no chão, minhas mãos sujas de sangue.

 Aquilo estava me perturbando, me assombrando, quase corroendo, então desisti de dormir e me levantei  andando com calma até o Matew. De longe ele parecia normal, sentado na posição meio largada de sempre, fazendo alguma coisa com algumas folhas e cipós de um jeito meio despreocupado, mas chegando mais perto, era claro que havia chorado, suas mão já estavam vermelhas de tanto fazer nós e construir alguma coisa com os cipós e sua perna estava enfaixada de um jeito estranho que não conseguia retar tanto o sangue que escorria, assim como o sangue que escorria do seu nariz. Me doeu ver seu rosto com uma profunda tristeza, mas os olhos eram vazios, ele tremia levemente, como me doia ve-lo daquele jeito.
  - Posso ficar aqui com você?- perguntei e ele se virou para mim assustado já que levou um susto ao me ouvir
  - Hum.. pode.. claro- Ele falou e sentou mais para o lado, depois olhou para o que estava mexendo antes e deixou de lado para massagear suas mãos
  - O que estava fazendo?- perguntei devagar e me sentei do seu lado
  Ele pegou a coisa e deixou no meu colo, de modo que pude pegar e examinar melhor. Era uma especie de aro não muito grande, mas que dava para usar como colar,feito de cipós e outras plantas, enfeitado com flores vermelhas e folhas felpudas, me lembrando um enfeite de natal que eu vi uma família rica colocar na porta na época do natal (acho que se chamava Garlande... ou Girlanda... alguma coisa do tipo).Tudo foi feito com muito cuidado e parecia tão complicado e até duvidei que tivesse sido ele que fez
  - Geralmente quando alguem morre, colocamos alguma coisa parecida junto com a pessoa que morreu junto no tumulo- ele falou e só então olhou para mim- Na verdade não sabia o que estava fazendo até você chegar.
  - É incrivel- falei, olhando mais um pouco para aquele aro mais um pouco e depois deixando ele do lado do Matew de novo- Ela gosta de vermelho, não é?- perguntei
  - Gosta...- ele falou meio vazio e depois de um longo tempo falou como se estivesse simplesmente falando sozinho- Vou atrás daquele garoto
  No começo não intendi muito bem, mas assim que percebi a amargura na voz dele me virei e segurei seu braço
  - Você não vai fazer isso! Ele deve estar a quilômetros de distancia, e sem falar que pode acabar encontrando um carrerista ao envés dele! Ficou louco?
  - Talvez, mas não vou ficar quieto até que ele esteja morto. Alem do mais, não acho que ele tenha chance de vencer, ou seja, vai acabar morrendo, então apenas quero dar um empurrãozinho com a minha lança.
  - Então deixa ele morre sozinho, droga!
  - Acha mesmo que vai me tirar o prazer de matar ele?
  - Me diga pelo menos que você não vai sozinho! Eu vou com você, mas não vou deixar você se matar assim desse jeito
  - Escuta, não basta perder ela, não vou deixar você morrer...
  - Como se você fosse sobreviver sozinho!
  - Tá me chamando de inutil?
  - Claro que não! Você não é inutil, só que a possibilidade de você morrer é grande se você for sozinho!
  - Como se eu me importasse com isso agora!
  - SÓ PELO AMOR DE DEUS NÃO VAI SOZINHO OU EU JURO QUE VOU TORCER PRA QUELES SAPOS HORRIVEIS TE ACHAREM
  - ELES VÃO ACHAR TODOS NÓS SE VOCÊS CONTINUAREM GRITANDO PRA DEUS E O MUNDO! JURO QUE SE NÃO CALAREM A BOCA VOU MORDER OS DOIS E ARRANCAR SEUS BRAÇOS!- ouvi Coliz gritando para nós e depois soltar alguns palavrões que não consegui ouvir direito
  Acabei rindo por causa disso e até o Matew acabou sorrindo, mas ela tinha razão, se continuássemos gritando, os sapos gigante podiam nos achar facilmente, então acabamos ficando quietos, fazendo comentários vez ou outra até que o sol começasse a nascer e nós termos que acordar Coliz e Viller. Comemos algumas raízes e frutinhas que ainda tínhamos, então Coliz e Matew saíram para caçar em quanto eu e Viller tentávamos apagar as pegadas e sinais de que estivemos lá. Assim que acabamos, Coliz e Matew apareceram segurando dois ratos/coelhos e um pássaro não muito grande mas nem muito pequeno.
  - Foi divertido- Coliz falou ao se aproximar de nós- quase tento quanto caçar pessoas
  - O que raios é isso?- Viller perguntou olhando para o que parecia um rato ou coelho
  - Não fasso ideia, mas ele me atacou e me mordeu- ela estendeu o bicho- E agora ele não tem cabeça
  - Okay... - Viller falou olhando para Coliz com certo medo, já que ela agora sorria de um jeito maniaco- Então guardem isso e vamos sair daqui. Alguém tem alguma ideia de onde podemos ir?
  - Vamos atras daquele garoto do 7- Matew falou sorrindo da mesma maneira que a Coliz, mas de alguma maneira, de um jeito mais assustador
  - De novo isso?- falei já cansada de discutir isso com ele, mas mesmo assim não queria que ele fosse- Já falamos isso e eu repito: VOCÊ-VAI-MORRER, ainda mais se for sozinho! E pouco me importa se você quer mais é morrer agora que ela se foi, mas, porque me recuso a deixar você se matar desse jeito!
  - Quem disse que eu vou sozinho? A Coliz concordou em ir comigo!- ele falou e apontou para a Coliz que parecia muito feliz- E quem melhor? Ela era carrerista, e com certesa ela sabe como conseguir seguir o rastro de alguem!
- Serio, Coliz?- Perguntei a ela
- Por que não? É como meu tio me disse: " se a vida te der limões, esprema eles na cara da vida" e essa é uma otima desculpa para termos algum objetivo
  - Então okay, eu vou com você tambem!- Falei já querendo bater na Coliz por incentivar aquele pateta
  - Escuta, Nara, não quero ariscar mais ainda a sua vida, ainda mais porque ele foi na direção da Cornocópia, onde os Carrerista estão
  - Maravilha! Então eles podem matar aquele garoto! Deixa que eles façam isso, vocês não precisam ir!-falei já começando a gritar de novo
  - Concordo com a Nara- Viller interrompeu- A possibilidade dele ser pego é enorme, assim como a de vocês se ele for pego, fora aquele monstro enorme e os sapos, não precisamos de riscos desnecessários, ainda mais agora que estamos quase no fim! Alem do mais, a Coliz não vai atravessar o mar se forem só vocês, vai ser pior do que da ultima, ainda mais agora que tem aquela... coisa, não sei o que é, mas o que importa é que ela vai ficar ainda mais paralisada sabendo que ele pode pegar vocês dois em uma mordida, e o pior, ele REALMENTE pode. Ou vamos todos juntos, o que acho um desperdício de força, ou ficamos por aqui até que ele seja morto, assim sobrando apenas 8 jogadores, forçando os idealizadores a nos juntar de algum jeito.
  "Finalmente alguém que pensa direito!" eu pensei, porque realmente, quando restavam 8 jogadores, os idealizadores inventavam alguma coisa para nos obrigar a ficamos mais próximos, e assim mais fácil de nos matarmos.
  - Escuta, Viller- Matew se aproximou de Viller até ficar a uns 5 centimetros de distancia dele com uma cara raivosa, quase espumando de raiva- Você não sabe o que é perder alguem que você ama, alguem que você tinha esperança de proteger ou de que iria te ajudar, não sabe a angustia e raiva que eu estou tendo, ou a raiva e a vontade de te bater que eu tenho nesse instante
  - Eu não sei? EU NÃO SEI O QUE É PERDER ALGUEM QUE AMO?- Viller falou gritando de raiva e se aproximando mais de Matew, fazendo-o se afastar- Meu pai morreu no mesma porra de incidente dos pais da Coliz, me deixando para cuidar sozinho da minha mãe e a minha vó, duas mulher que estão a a beira da insanidade, fora meu irmão mais velho que tambem morreu lá naquela merda pesca! Eu sei muito bem o que é perder alguém que se ama, mas não podemos perder a calma ou a razão, porque se não vamos acabar todos loucos ou mortos, e nesse momento, não podemos nos dar esse luxo, não acha?- Ele falou olhando ele de um jeito desafiador e agora com tanta raiva quanto Matew
  Eles ficaram lá se encarrando por um tempo até que Coliz falou:
  - Bem, então por que não deixamos nossos amados telespectadores decidirem?- ela falou sorrindo e em seguida começou a gritar para o céu e todas as outras direções, provavelmente procurando uma das câmeras escondidas- O QUE ACHAM? VAMOS ATRAS DAQUELE IMBECIL QUE ACABOU COM NOSSA AMIGA OU FICAMOS AQUI ESPERANDO ELE SER MORTO GARANTINDO NOSSA CHEGADA A ULTIMA ETAPA?
   Na verdade, a resposta era obvia. Não prestava muita atenção nos jogos, mas eu sabia que a unica coisa que as pessoas da Capital queriam, era pessoas mortas, banho de sangue, pessoas se matando, e mesmo que um dos nosso instrutores tivesse consciência o suficiente de que a possibilidade de nós morrermo era alta e que talvez não valesse a pena, se eles nos mandasse um sinal para ficarmos, as pessoas da Capital não ia gostar e começar a patrocinar outros tributos, e assim dando ainda mais chance para que nós morrêssemos.
  Não demorou muito, e assim que a Coliz terminou de falar, conseguimos ver um parequedas caindo não muito longe de nós e pousar perto de uma raiz de arvore. Assim que Matew pegou o potinho de alumínio e o abriu, encontrou um óculos-escuro preto não muito grandes e estranhos.
  - Esse é o nosso sinal? E o que droga é essa?- Coliz perguntou com tom de decepção e indignação
  - É um óculos com visão de calor- Matew respondeu revirando o coulos na sua mão- Usamos isso nas plantações para achar pragas e outros bichos na nossas plantações, e os Pacificadores usam para se certificar de que não há ninguem escondido nas plantações tentando roubar comida, mas esses são muito mais sofisticados e raros- ele colocou nos olhos, apertou um botão do óculos que ficava na aste dele e olhou em volta- Também pode ser usado para reconhecer pegadas antigas feitas por pessoas  se elas não forem muito antigas, ou seja- ele tirou o óculos e olhou para nós com o sorriso- Podemos achar aquele garoto antes de qualquer Carrerista
  Coliz deu aquele sorriso psicopata dela e eu suspirei. Não quero que nenhum dos dois, Coliz e Matew, morressem, porque eram os meus amigos agora, e pela primeira vez senti que podia confiar em alguém, porque mesmo Della ou Megan, minhas amigas no Distrito 10, era diferentes de mim, nem sempre me intendiam ou apoiavam, alem de eu ter uma grande impressão de que nem gostavam tanto assim de mim, mas eles era diferentes, sei lá, como amigos normais e verdadeiros, e eu não queria mesmo perder isso.
  - E parece que temos mais alguma coisa aqui- Coliz falou pegando o paraquedas, revirando um pouco e tirando de lá uma garafinha térmica de metal, muito parecida com aquelas que alguns homens do meus distrito usavam para guardar bebidas alcoólicas com eles, só que um pouco menor e não tenho certeza se o que estava dentro daquilo fosse bebida alcoólica
- Essa eu não faço ideia do que é- Matew falou
- Tem um cheiro forte- Coliz falou depois de cheirar um pouco do liquido que havia la dentro e fazer uma careta- Mas acho que só tem uma jeito de descobrir o que é- Ela falou levando a garrafinha aos lábios
  Talvez ela realmente tivesse ficado louca, porque quem sabe aquilo não fosse veneno para usar no inimigo? Quem disse que faria bem a ela? E mesmo quando Viller conseguiu tirar a garrafinha dela, ela já tinha tomado um golinho, mas foi o suficiente. Logo ela começou a fazer algumas caretas, se contorcer e esfregar a cabeça como se estivesse com dor de cabeça, e só parou de fazer aquilo depois de mais ou menos um minuto.  Assim que ela levantou a cabeça, percebemos as sutis mudanças que a bebida causou. Suas pupilas estavam menores e mais estreitas e seus olhos brilhando ainda mais, como olhos de um gato ou cobra, suas narinas estavam dilatadas e ela virava a cabeça a toda hora, como se ouvisse estrondos vindo de todos os lados.
  - Como se sente?- Perguntei meio nervosa e receosas pela resposta dela
   -Sinceramente?- ela perguntou me encarando com seus grandes olhos- Simplesmente ótima- ela falou e começou a sorrir- Posso ver mais longe, ouvir mais coisas, sentir o cheiro de qualquer coisa e até o ar parece ter sabor. É como se essa coisa apurasse os sentidos, e olha que eu nem tomei um gole direito!
  - Perfeito!- Matew falou empolgado- Agora duvido que eles consigam nos vencer, os carrerista não tem mais chance
  - Mas se você não quer que eu vá, o que espera que eu faça? Fique aqui me escondendo e me preocupando com você? Se for, pode esquecer- Falei
  - Acho que é melhor eles virem com agente- Coliz falou- Afinal, Viller pode nos ajudar ainda mais, assim como a Nara, e podemos proteger uns aos outros mais fácil agora
   Matew suspirou, me encarrou por um tempo mas depois sorriu e disse:
  - Okay, então vamos juntos. E vamos agora, mas minha pergunta é: Pra que lado?
  - Para lá- Coliz falou já com os óculos no rosto, apontando para o Norte- Parece que ele foi por ali, alem do mais, consigo sentir o cheiro dele, estranho não?- ela falou sorrindo
  Começamos a andar na direção em que a Coliz nos indicou, com o Matew na frente usando o óculos e nos indicando o caminho. Ainda não estava muito satisfeita, mas pelo menos agora podia ir com eles e quem sabe ajudar em alguma coisa, porque não quero ser a inútil da historia muito menos a que deixa seus amigos morrerem sem fazer nada. Andamos por um bom tempo e só paramos uma vez para comermos, e a essa altura Coliz já não estava mais sob o efeito da bebida, porque seus olhos voltaram ao normal e pelo visto, depois que a bebida perdia o efeito deixava a pessoa cansada porque provavelmente usava muita energia e força da pessoa para aguçar os sentidos, então depois que terminamos de comer os rato/esquilos, voltamos a andar. Quando chegamos a praia, Coliz começou a tremer e tropeçar com mais frequência, ou por que estava fraca ou com medo, ou os dois juntos, mas apesar de tudo foi até mais fácil faze-la atravessar o mar, mas era só porque ela estava cansada demais para discutir ou protestar sobre qualquer coisa e assim foi até fácil arrasta-la pela água, mas ela com certeza parecia mais assustada do que antes e uma hora eu tive a impressão de que ia desmaiar de tão pálida. Atravessamos o mar, chegando a Ilha da Cornocópia, e continuamos a andar por um tempo, dessa vez mais alertas e cuidadosos já que tínhamos receio de encontrar os Carreristas, mas logo acabamos parando para descansar.
  Arrumamos o acampamento em pouco tempo, então ainda podíamos ver um pouco da selva que ainda nos rodeava. Acabei me oferecendo para fazer a vigia porque,primeiro: eu queria mostrar que não sou inútil, o que não sei por que, eu ando tentando demonstrar mesmo que eles não achem isso, e em segundo: fiquei curiosa para saber o efeito que a bebida causava. Resolvemos que quem ficasse de guarda bebe-se um pouco daquela bebida para ter certeza de que se alguém se aproximasse, pudêssemos saber, alem de estar usando o óculos. Quando todos já estavam indo dormir, eu coloquei os óculos e virei um pouco da bebida na minha boca
  A primeira sensação foi horrível, tudo parecia girar, minha cabeça latejava e doía mais do que nunca, assim como a minha garganta, e um chiado agudo e alto me fazia tapar os ouvidos em vão porque ele não paravam, como se o sabor metálico, amargo e acido da bebida já não fossem suficiente para deixar tudo uma droga, mas depois de um tempo a dor e o incomoda pararam de repente, dando lugar a uma sensação de bem estar, segurança, empolgação e mais alguma coisa muito boa que não consigo descrever, e mais o sabor doce sutil na minha boca. Me sentia incrível, conseguia ver um pássaro que devia estar a uns 150 metros de distancia, podia ouvir o bater das assas da mosca e sentir o cheiro de tudo, deis do Matew, do Viller e da Coliz até as coisas que eu menos sabia que tinham cheiro, como a areia da praia que não estava tão longe ainda e o ar ( o que era mais estranho, mas tinha um calmante aroma de umidade, que agora também tinha cheiro, de planta e de sangue).
Outro efeito da bebida era deixar o seu organismo alerta a tudo e completamente elétrico, então fiquei acordada a noite inteira sem precisar chamar ninguém para ficar de guarda no meu lugar, mas em dispensação não conseguia ficar parada de jeito nenhum, então acabei fazendo algumas armadilhas complicadas e caçando um pouco com a minha zarabatana a noite toda até o sol nascer, e mesmo assim não estava com sono e me sentia simplesmente ótima, assim como a Coliz havia descrito para nós antes.

Nara Off

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